domingo, julho 06, 2008

My Lasanha de Palmito Nights

Quantas panelas existem em Paraty? – foi a pergunta que nos fizemos enquanto esperávamos a sobremesa que já demorava mais de 40 minutos para chegar à mesa. Não foi só a sobremesa. A média de espera de qualquer prato na maioria dos restaurantes é de 40 minutos, o que nos fez questionar a existência de fogões e panelas nas cozinhas de cada estabelecimento. A demora em conseguirmos a conta também foi um mistério. O refrigerante, a entrada e os peixes, por que tudo demora tanto? Será que os peixes são pescados no momento em que se faz um pedido aos atendentes?

Para comer em Paraty são necessários bons amigos, paciência, bom humor e eventualmente uma (ou mais) rodada de pôquer. Essa talvez seja a primeira das dicas de nosso guia especial de sobrevivência na Flip, que foi esboçado entre um bobó e outro. Que não se deve olhar pra frente ao caminhar pelas ruas do Centro Histórico, isso todo mundo sabe. O que nós revelamos, porém, nem o Lonely Planet desconfia.

Os restaurantes, em sua maioria, não fazem reservas e não organizam lista de espera com o incompreensível argumento de que a mesma causaria confusão. A aventura já começa aí: conseguir uma mesa requer astúcia e vigilância. Ou um bom guardador, foi o que descobrimos no restaurante tailandês. Uma vez sentados, entre tosses e espirros (causados pelos fortes aromas que impossibilitavam qualquer frase longa sem obstáculos), observamos a poucas mesas de distância um homem que ocupava 6 lugares. Ele estava sozinho, falava ao celular e não consumia sequer um copo d’água. Pouco depois, cerca de 5 pessoas chegaram e o homem calma, e quem sabe famintamente?, se foi. O mesmo homem foi visto no dia seguinte guardando um lugar na fila de autógrafos para seus contratantes. Uma bela sacada.

Idéia genial, também, é perguntar se o prato que você escolheu está realmente disponível, literal e metaforicamente falando. Pode acontecer de você descobrir, depois de cinqüenta minutos de espera, que o seu pedido não chegou porque faltou arroz na casa. Ou água na cozinha e por isso as louças não puderam ser lavadas ainda. Não é piada. Depois de ter perguntado três vezes sobre o meu picadinho que não chegava nunca fui informada de que não havia picadinho na casa, o famoso tem...mas acabou!. É nesse momento, então, que se tem a maior revelação: Paraty fica mesmo é na Bahia.

No caso da água que acaba, carregue seus talheres, copos e pratos descartáveis, ou tenha sempre um balde água para contribuir. O mesmo balde pode servir para o banho, visto que 90% dos chuveiros das pousadas e hotéis da região são elétricos daqueles de água ralinha, o que faz com que nós possuidores de cabelos cacheados demoremos o triplo de tempo na função. Baterias para secadores de cabelos também são boas opções para não causar curto-circuitos indesejáveis. Mas pra não haver perigo mesmo, duas soluções práticas: escova progressiva antes da viagem (daquelas em que a pessoa é proibida de lavar os cabelos por três ou quatro dias) ou uma coleção de chapéus.

Tenha certeza de que pelo menos um dos chapéus possui abas que encobrirão parcialmente seu rosto, isso evita olhares reprovadores de vizinhos de cadeiras quando você acordar de um cochilo no meio de uma palestra arrastada, sem graça e complicada, elas existem, felizmente não tanto quanto as portas coloridas que enfeitam a cidade. Os chapéus também servirão para você tentar enterrar-se nele quando as declamações constrabgedoras de poesia começarem, essa dica é quente: fique longe do sarau da casa do príncipe. Fique longe também da praça decorada por artesãos e crianças locais, isso pode ser ainda mais assustador que as pessos amalucadas fazendo performances de versos. Se for inevitável passar pela praça e se o tema for "personagens da infantil" por favor, faça de tudo para não se deparar com o poeta Gentileza. Sim, ele está lá, deve ter algo a ver com o não-fazer lista de espera, vai entender...

Tenha a certeza também de que todo e qualquer mau humor, fome, susto ou leitura dramática (no pior sentido) será recompensado por coisas muito simples: você terá tempo para papear com um bocado de gente bacana, as ruas tem nomes como "Rua do Fogo" ou "Rua do Comércio", o que a todo momento nos remete aos tempos de império, os passeios de charrete sobrevivem por lá, pintores de paisagens ingênuas montam seus cavaletes nos caminhos de pedras antigas, cachorros dormem no meio de filas para palestras sem se incomodar. O melhor, porém, é que em Paraty, algumas flores crescem sobre os telhados das antigas casas.

3 comentários:

Alice Sant'Anna disse...

hahahahaha, genial!

Anônimo disse...

Adoro esses cachorros que dormem em qualquer lugar.

JULIANA disse...

hahaha
Qd comecei a ler esse post achei que vc estava mesmo na Bahia! Passei o fim de semana lá e só não sofri com a falta d'agua! De resto tava igualzinho!